Mudanças na sociedade global
O Brasil é o segundo país no mundo com a maior população
negra – 95 milhões de afrodescendentes – o que não impede a existência de
sinais alarmantes de racismo e sexismo. Assim como em outros locais, as
mulheres negras continuam a enfrentar obstáculos para alcançar
representatividade em órgãos públicos e privados. Por exemplo, a presença de
mulheres negras em cargos de direção nas empresas é muito pequena: apenas 0,5%
estão no executivo, 2% na gerência, 5% na supervisão e 9% nas áreas funcionais,
de acordo com o estudo do Instituto Ethos 2010.
Ao longo destes 10 anos, a ONU Mulheres apoiou a organização
política das mulheres negras. Um exemplo é o Grupo de Mulheres Negras
Brasileiras, formado após a Conferência de Durban em 2001. Lúcia Xavier, uma
das ativistas brasileiras participantes da Conferência, chama a atenção para a
relação perversa que liga o racismo ao sexismo: "Nosso desafio como
movimento de mulheres negras pode ser considerado pequeno em relação à luta que
enfrentamos diariamente contra o racismo, o sexismo e a exclusão social. Temos
direito a uma vida plena, desfrutar de uma democracia inclusiva e direitos
sociais. A sociedade tem que mudar".
Empoderamento das mulheres negras
A ONU Mulheres vem investindo desde 2006 no empoderamento de
mulheres negras através de um programa para incorporar as dimensões de gênero,
raça e etnia em programas de combate à pobreza na Bolívia, Brasil, Guatemala e
Paraguai, financiado pela AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional
e Desenvolvimento). A iniciativa visa incluir as perspectivas de gênero, raça e
etnia nas ações governamentais e não governamentais para a redução da pobreza e
da discriminação, da produção de dados desagregados sobre gênero e raça e
incidência política das mulheres.
De acordo com Dorotea Wilson, coordenadora geral da Rede de
Mulheres Afro-Latino americanas, Afro-Caribenhas e da Diáspora, “através dos
fóruns de preparação para a Conferência de Durban, fomos capazes de nos unirmos
com outras redes mulheres no continente e articular esforços conjuntos”. Na
estratégia para combater o racismo, a Rede destaca as parcerias com outros
movimentos sociais, a implementação do Programa de Ação de Durban e o aumento
da participação da juventude no movimento de mulheres negras. “Estamos conduzindo
o processo de articulação para a implementação do Plano de Durban, a inclusão
da variável étnico-racial nos censos e a construção da Convenção Interamericana
contra a Discriminação Racial e Todas as Formas de Intolerância, na Organização
dos Estados Americanos", conclui Dorotea Wilson.
Amanda Ferreira
8º A
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